20 de maio de 2014

Receita de Mega-Sopa



"Ah, eu ao jantar fico bem com uma sopinha". Já ouviram certamente esta frase. Confesso que a mim ela não se aplica. Gosto de refeições completas, com diversidade de sabores, de ingredientes e de texturas.
Acontece que este último Inverno explorei vezes sem conta as infinitas possibilidades das Mega-Sopas. E não é que estou convertida!

O que é uma Mega-Sopa?

Como o nome indica é uma sopa que é Mega, ou seja, GRANDE mesmo. Precisam de uma tijela de sopa em conformidade. A base é um caldo ao qual se acrescenta um cereal, vegetais de raiz, folhas verdes e alguma proteína, se assim o desejarem. Tempera-se com miso ou shoyu e dá-se um toque final com ervas aromáticas e sumo de gengibre (óptimo para aquecer no Inverno). Come-se, bebe-se, trinca-se e chupa-se ruidosamente à moda dos japoneses. Além de saciante, tem várias vantagens: é uma refeição completa, não demora muito tempo e não suja muita loiça.

Vamos então à receita! Fica uma sugestão de ingredientes, mas experimentem variações com outros cereais, vegetais ou proteína.


Ingredientes para o caldo [para 1 dose]:
  • Meia tira de Alga Kombu
  • 1 Cogumelo shitake seco
  • Opcional: umas tirinhas de daikon seco (uma espécie de rábano seco, óptimo para dar uma alegria ao fígado nesta época de primavera)
  • Água (a tijela bem cheia e mais um pouco, tendo em conta que evapora bastante)
Ingredientes para a sopa:
  • Massa soba ou udon 
  • Cebola em meias luas
  • Cenoura em Kimpira (tiras finas)
  • Folhas verdes (couve, nabiças, agrião, rama de nabo...)
  • Opcional: Tofu ou tempeh já cozinhado ou alguma leguminosa
  • Miso de cevada ou shoyu
  • Cebolinho picado
  • Sumo de gengibre

Preparação: Leve ao lume  um tacho com água, a alga kombu, os cogumelos shitake e o daikon seco. Deixe em lume baixo pelo menos meia hora e vá à sua vida.
Retire a alga kombu e lamine-a finamente. Faça o mesmo com os cogumelos (descarte o pé). Volte a colocar tudo no tacho .
[Pode duplicar as quantidades e guardar parte do caldo no frigorífico. Use-o como base para uma nova sopa ou outros pratos.]

Adicione a cebola e a cenoura, uma pitadinha de sal e deixe cozinhar 5 minutos. Junte as folhas verdes e, dependendo do vegetal, aguarde uns instantes até a cor verde ficar mais viva.
Retire um pouco do caldo da sopa para desfazer o miso. A regra é usar 1 colher de sobremesa por cada tijela de sopa. Neste caso colocamos uma colher bem cheia tendo em conta que é uma mega-sopa. Depois de bem desfeito, volte a juntar tudo à sopa e deixe um minuto para "acordar" o miso. Não o deixe ferver para não destruir as suas enzimas. Se optar por temperar com shoyu, use um pouco mais de quantidade.
À parte cozinhe a massa soba e deite-lhe um fio de óleo de sésamo tostado (yam!) para não pegar. A minha preferida é esta marca e só demora 3 minutos!


Neste caso, usei como proteína umas sobras de tempeh do almoço. Se nunca provaram tempeh, recomendo vivamente o do Sal's Tempeh. É simplesmente delicioso! Podem encomendar directamente ao Salvatore aqui.

Hora de servir: Coloque a massa na tijela, junte o tempeh e disponha os vegetais por cima. Verta o caldo e por fim o cebolinho picado. Este veio directamente da horta e como bónus traz uma flor linda! No Inverno sugiro umas gotas de sumo de gengibre (rale o gengibre e esprema até sair sumo) e hoje, com a molha que apanhei, é mesmo o que me apetece. Para facilitar a logística na hora de comer, use pauzinhos chineses para os sólidos e vá bebericando o caldo. 

Convencidos? Experimentem e depois digam lá se não é super reconfortante.


4 comentários:

  1. Amo!!
    Fica tudo tão lindo quando sai das tuas mãos de fada.
    Deve ser deliciosa e vou experimentar.
    :)

    Beijo enorme e abraço apertadinho.

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  2. Mas não haverá forma de fazer sopas igualmente saudáveis e nutritivas e etc, com ingredientes 100% portugueses. Não vos faz confusão estar a cozinhar com produtos maioritariamente importados? Mais do estar preocupados apenas com a ingestão ou não de proteínas animais, não devíamos também ter uma preocupação de equilíbrio com o ambiente onde estamos inseridos?

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  3. Olá Leonor. Obrigada pelo seu comentário e pela questão pertinente que coloca.
    Um dos princípios basilares da macrobiótica é exactamente o de comermos o mais possível produtos da nossa região. No meu caso, tenho a oportunidade de ter uma horta a 2 km de casa, o que me me permite vivenciar essa experiência maravilhosa de ter vegetais da época acabados de serem colhidos e com uma pegada ecológica quase nula :)
    Esta é uma sopa tipicamente asiática e, como tal, é natural que alguns dos ingredientes não sejam produzidos em Portugal. Felizmente, existem já inúmeros produtores nacionais vocacionados para uma alimentação mais integral, natural e biológica, nomeadamente de cereais, leguminosas (e derivados) e vegetais. Na verdade, esta é a base da alimentação macrobiótica. Tudo o resto são condimentos e ingredientes que são usados pontualmente e em quantidades muito reduzidas. É o caso do miso e algumas algas, cujo precioso valor terapeutico ainda não conseguimos encontrar equivalência em Portugal. Ou melhor, as algas até existem em Portugal em abundância, não há é quem as esteja a comercializar para alimentação (a maior parte vão para a indústria cosmética). Convido-vos a partilhar, para quem tiver esse conhecimento, de substitutos equivalentes, do ponto de vista terapeutico, produzidos em Portugal.
    Estamos também a assistir ao nascimento de cada vez mais iniciativas, como o Sal's Tempeh e outras tantas que, com uma imensa coragem, assumiram o desafio de produzir localmente. Acredito que esta tendência se irá alargar rapidamente, proporcionando assim o tal equilíbrio com o ambiente que todos almejamos e preconizamos.Fica o desafio aos mais empreendedores! Até lá, cabe a cada um de nós fazer as melhores opções que a nossa consciência permite, seja comprar apenas produtos nacionais, fazer produção caseira, cultivar os nossos próprios vegetais, redescobrir alguns alimentos tradicionais, etc. Conto com a sua contribuição para este processo. Obrigada

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  4. Concordo com a Susana, esta é uma sopa para consumir pontualmente e na macrobiótica temos muito presente a importância do que é local. Infelizmente ainda não temos quem produza em Portugal, determinados alimentos que consideramos terapeuticos. Mas uma coisa é certa, há mãos que transformam o que não é local ou até biológico numa dádiva dos Deuses, inquestionável. Obrigada Susana por acima de tudo, partilhares com carinho os teus saberes, sabores e Amor. Bem hajas <3 e continua :-)

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