Para quem não conhece, o
ZIMP é um festival
zimpabulástico organizado pelo
Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP). Realizou-se na primeira semana de Agosto no
DiverLanhoso, um lugar cheio de charme, o enquadramento perfeito para muitos momentos mágicos.
Tal como aconteceu em edições anteriores, tive o privilégio de fazer parte do staff, o que torna a experiência ainda mais enriquecedora. Estar no
backstage dá-nos uma visão bastante holística do evento. Participamos nas actividades mas, ao mesmo tempo, contribuímos para que os participantes tenham a melhor experiência possível.
E é essa a parte que me enche mesmo o coração. Assistir ao encantamento que vai surgindo a quem aparece ali pela primeira vez é qualquer coisa de especial. [Já vão perceber porquê.] Muitos nem sabem bem ao que vão, apenas são atraídos por um qualquer tema que lhes faz eco. E a verdade é que uma semana no ZIMP acrescenta-nos tanto que pode mesmo mudar vidas...
O meu encontro com a Macrobiótica passou-se num cenário destes. Há 11 anos atrás, numa fase em que esta coisa do bem-estar começava a suscitar-me algum interesse, decidi que iria passar as férias ao Monte Mariposa. Havia ali algo de um mundo novo que me despertava curiosidade. Liguei para lá mas fui informada que o espaço estaria alugado ao Instituto Macrobiótico para um campo de férias (o embrião do ZIMP).
"
Ora bolas, na minha única semana de férias... eu queria tanto ir aí..."
"
Talvez possa vir com eles, porque não os contacta?" foi a resposta óbvia da senhora.
"Mas, macrobiótica... eh pá isso é uma coisa meio estranha"
Meio renitente, lá liguei para o IMP e fiz apenas algumas perguntas tontas:
"E o que fazem lá?";
"Mas isso não é só gente velha?"
Fui automaticamente convencida pela simples resposta
"Há de todas as idades, venha que vai gostar".
E fui!
No alto da minha inocência, deixei-me guiar por um dos maiores presentes que a vida me ofereceu.
Recordo bem a primeira refeição, uma sopa de miso com umas ceninhas a boiar, que alguém me indicou serem cogumelos shitake. "Come que é bom para o fígado" explicava uma das participantes já rodada no assunto. Beberiquei a medo. "
Hum, não conheço este sabor... é diferente... mas não é mau..." Mais um pouco.
"Até é agradável...". A seguir veio um parto lindo, cheio de cor, texturas e sabores bem diversificados (autoria da agora minha querida amiga Ida Candeias). Conquistou-me de imediato. Eu que era (e sou) um bom garfo fui seduzida pelo lado sensorial.
O que se passou nos dias seguintes foi um turbilhão de sensações, emoções, pensamentos, descobertas, despertares... que abanou completamente as minhas estruturadas convicções e convenções. Tudo me deslumbrava e entusiasmava. A cada palestra com o Francisco Varatojo, aquilo fazia-me tanto sentido que só me questionava "Wow, como é que nunca pensei nisto?. Isto é genial". As aulas de cozinha com a minha querida Geninha Varatojo eram um misto de fascínio de tanta novidade com embevecimento pelo seu ar terno.
Outro momento marcante foi o trabalho a nível de movimento com a Gabriela Eibich, uma alemã maravilhosa que me fez descobrir partes do corpo que jamais imaginei existirem :) Ah, e o Ki das 9 estrelas foi outra excitação. E o chi kung... e o yoga... e o shiatsu... e...
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Estas fotos são do ano seguinte. Momentos mágicos |
E depois vem outra componente fundamental:
AS PESSOAS!!! Para além do staff, que me parecia tudo gente bonita e com um brilho especial, tínhamos um grupo fantástico de quase 70 pessoas, com muita gente nova, e onde fiz amigos que o são até hoje.
No fim dessa semana, a nível físico, sentia que tinha perdido aí uns 50 kgs :) . O facto dos intestinos terem começado a funcionar bem pela primeira vez na minha vida foi mesmo determinante. A nível emocional, era como se tivesse tomado
shots de energia positiva e inspiração. Uma sensação absolutamente fabulosa que até então desconhecia. Irradiava alegria e contagiava todos à minha volta com tamanha motivação. Lembro-me de me comentarem "Tu voltaste diferente. Estás apaixonada?"
Regressada a casa, toca experimentar (quase todas) as receitas do livro Macro Apetite, da Geninha, um dos poucos que existiam na época.
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Marcado pelo uso, aquele que foi a minha primeira bíblia :) |
O que eu não podia adivinhar é que esta simples semana iria mesmo deixar sementes, que nos anos seguintes foram crescendo e dando origem a algo completamente diferente. O meu corpo mudou, a minha mente mudou, o meu caminho mudou, a minha vida mudou, a minha alma encontrou-se.
Percebem agora porque fico tão emocionada quando vejo este processo a acontecer com outras pessoas? Recordo-me, revejo-me e faz-me (re)ligar com aquele período de inspiração tão especial.
Agradeço do fundo do coração por me ter cruzado com estas pessoas especiais naquele verão quente de 2003. Grata ao Francisco, à Geninha e todos os amigos do IMP, que durante estes anos tão bem me acolheram. E já agora, um obrigada especial à Joana Varatojo, por ter levado estes campos de férias para outro nível, sem nunca perder o cariz familiar e aquele encanto mágico.
Se, de alguma forma, se identificam com a minha partilha, venham daí. Para o ano há mais ZIMP mas, a partir de Setembro, o IMP está de braços abertos para vos receber e poderem sentir um cheirinho do que vos relatei.
Boas férias ... e até já!